segunda-feira, maio 08, 2006

MÚSICA SULISTA:

"Na luz que vem dos olhos dessa gente, o Sul um dia se iluminará"

"Amo o que faço. Amando o que faço canto com o coração", diz Luiz Marenco em seu site http://minerva.ufpel.edu.br/~rogerecp/marenco/. Marenco nasceu em Porto Alegre, no dia 22 de dezembro de 1964 mas foi no Rincão da Quitéria, (distrito de São Jerônimo onde morou) que aprendeu o valor das coisas simples que acabam sendo esquecidas no dia a dia da cidade. Cantava nos bolichos da Quitéria, mas apresentou-se profissionalmente pela primeira vez, na 2ª Vertente de Piratini, conquistando o prêmio de melhor intérprete deste festival. Acredita que as músicas precisam ter uma mensagem. Nos seus trabalhos, participa de letra e música. Suas músicas e as pessoas com que grava, retratam bem a fisionomia do campo.

Tem como ídolos Jayme Caetano Braun, Noel Guarany, Sérgio Carvalho Pereira, Alfredo Zitarosa, Eron Vaz Mattos e João de Almeida Neto. Acha que o movimento "Tchê Music" descaracteriza a cultura gaúcha, começando pelo nome, que é em inglês: "Não rotulo música urbana ou campeira, mas se continuarem com esses ritmos que andam por aí, daqui a pouco haverá bailarinos dançando no palco, como os grupos fazem na Bahia. Não concordo, sou totalmente contra". Considera uma de suas maiores realizações ter gravado um disco juntamente com Pepe Guerra, um cantor uruguaio de muito prestígio e carisma.

Atualmente mora num rancho em Santana da Boa Vista (RS), mas nunca deixou de ser este andarilho que leva nossa música por onde vai e alegra o coração daqueles que o escutam. Abaixo publicamos uma de suas musicas, "O Forasteiro" que mais parece um hino ao Sul e sua gente...

O FORASTEIRO

Na sombra de um bolicho à beira estrada, daqueles que do mundo se perdeu
Encontra-se uma gente reunida, a espera de um chamado de seu Deus
Perfumes de bom fumo amarelido, paredes com suas almas penduradas
Paciências de um lugar envelhecido, e uma coragem de quem não tem nada

Apeia um forasteiro: o que é da vida responde o bolicheiro: está cansada
A gente de bombacha anda esquecida desiludida nos beirões da estrada
Buscamos nossa terra prometida um mundo pras crianças e pros velhos
O sul que nós sonhamos onde a vida devolva o que branqueou nossos cabelos

Mas cada ano a seca de janeiro, precede um novo inverno de asperezas
Parece que o destino do campeiro não pode pedir mais que pão na mesa
E aos poucos, o que diz o bolicheiro se multiplica em vozes pelo ar
E volta a se calar o forasteiro, junta o violão no peito pra cantar

Já vi quase de tudo em minha vida, a séculos que ando pela estrada
Vi a morte sobre a terra prometida, e a vida sobre a terra abandonada
Vi um homem pondo fogo na colheita, enquanto outro semeava num deserto
Já vi perto o que ontem era um sonho, e longe vi o que sempre fora certo

Um povo sonha Deus a sua imagem, e Deus devolve a terra a cada povo
Moldada no trabalho e na coragem que o povo usou pra levantar o sonho
Aqui é nosso inferno e paraíso, a vida é uma planta por cuidar
A que morrer por ela se preciso, o sul somente o sul pode salvar

Assim falou pro povo o forasteiro, depois montou e envolto num clarão
Sumiu emoldurado pela tarde, bem como o sol dissipa a serração
Uns dizem que mais altos que os cerros ele segue abençoando este rincão
Mas muitos acreditam que essa gente ouviu a voz do próprio coração

O certo é que um a um se foi às casas, por que havia uma planta por cuidar
Arar a terra a cada madrugada, para a semente que há de germinar
O homem faz seu Deus que faz o sonho, um sonho azul maior que este lugar
Na luz que vem dos olhos dessa gente, o sul um dia se iluminará

Fica aqui nosso pedido para que cada dia mais valorizemos a música da nossa terra e os artistas da nossa terra. Contatos com este cantor Sulista: rogerecp@ufpel.tche.br

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